Na ONU, chanceler russo nega ataque com drones à Europa e diz que qualquer agressão da Otan à Rússia terá resposta
O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), na sede da ONU em Nova York, EUA, ...

O Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), na sede da ONU em Nova York, EUA, em 27 de setembro de 2025 Caitlin Ochs/Reuters O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, negou neste sábado (27), durante a Assembleia Geral da ONU, que seu país tenha envolvimento na onda de drones que têm sobrevoado aeroportos e bases militares de países da Otan em países da Europa. Os países europeus têm responsabilizado a Rússia pelo que chama de "ataque híbrido". ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "A Rússia está sendo acusada de quase planejar um ataque à Aliança do Atlântico Norte (Otan) e aos países da União Europeia. O presidente Putin tem repetidamente desmentido essas provocações", disse ele à Assembleia Geral das Nações Unidas. Lavrov falou a um plenário mais esvaziada que o normal, mas com mais delegações que as que acompanharam a fala do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, na sexta-feira (26). O chanceler substituiu o presidente russo, Vladimir Putin, que é alvo de um mandado de prisão internacional — apesar de os Estados Unidos não serem signatários do Tribunal Penal Internacional, que emitiu o mandado, ele teria de sobrevoar países que fazer parte da Corte. No discurso, Lavrov afirmou também que "'qualquer agressão contra meu país será recebida com uma resposta decisiva". Ele se referia a ameaças da Otan de que podem responder a invasões de espaço aéreo par parte da Rússia que países da Europa têm relatado estar sofrendo. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na Assembleia Geral da ONU, em 27 de setembro de 2025. Caitlin Ochs/ Reuters Países da Otan acusam Rússia Europa planeja "muro de drones" contra ameaças do leste Em um novo episódio da "crise dos drones" que vem escalando na Europa nas últimas semanas, novas aeronaves não tripuladas de origem desconhecida foram avistadas na noite de sexta-feira (26) sobre a maior base militar da Dinamarca, informou a polícia local neste sábado (27). O episódio é o mais recente de uma série de sobrevoos de aeronaves do tipo nos céus da Dinamarca e de países da Europa nos últimos dias, que levantaram suspeitas de uma ofensiva coordenada. Os governos locais falam de um "ataque híbrido" da Rússia, que nega. Ministros da Defesa de países do leste europeu concordaram, na sexta-feira (26), que a criação de um "muro antidrones", com capacidades avançadas de rastreamento e interceptação dos equipamentos, é uma prioridade para o bloco. Os drones devem ser um dos principais assuntos da cúpula de líderes da União Europeia que acontece em Copenhague a partir de quarta-feira (1º). Também neste sábado, o ministro da Defesa da Alemanha, Alexander Dobrindt, afirmou que a ameaça de drones de origem desconhecida sobrevoando pontos estratégicos da Europa passou a ser alta. E disse que o Exército alemão, um dos mais poderosos da União Europeia, vai "tomar medidas para se defender". Na Dinamarca, os drones avistados na sexta sobrevoaram a base militar de Karup, que fica no norte do país, por "várias horas", segundo disse o policial responsável pela área, Simon Skelsjaer, à agência de notícias AFP. "Um ou dois drones foram vistos do lado de fora da base aérea e acima dela", afirmou. Skelsjaer disse que os drones não foram derrubados, mas que a polícia disse que investiga o caso com o Exército. O aeroporto de Midtjylland, perto da base, teve de fechar brevemente, acrescentou o policial. Os voos de drones começaram dias depois de a Dinamarca anunciar que adquiriria armas de precisão de longo alcance pela primeira vez, argumentando que a Rússia representaria uma ameaça "nos próximos anos". O país nórdico é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que prevê defesa de seus integrantes em casos de ataque de terceiros países. 'Muro antidrone' Radar de drones monitora céus na região de Dragoer, na Dinamarca, perto da fronteira com a Suécia, em 26 de setembro de 2025. Steven Knap/Ritzau Scanpix via AP Por conta das ameaças constantes, representantes da União Europeia pressionam a criação de "muro antidrone". Dez países da fronteira leste do bloco concordaram com a estruturação do escudo, durante reunião com membros da Ucrânia e da Otan. Segundo o comissário europeu da Defesa, Andrius Kubilius, a prioridade do escudo é criar um "sistema de detecção [de drones] eficaz." O projeto deverá ser debatido pelos líderes da UE em uma cúpula que acontece em Copenhague nesta semana. A ameaça dos drones deve estar entre os principais tópicos da agenda. "Precisamos agir rapidamente", disse Kubilius em entrevista à AFP. "E precisamos aprender todas as lições da Ucrânia e construir esse 'muro antidrones' com a Ucrânia." ➡️ Os drones têm desempenhado um papel central na guerra entre Ucrânia e Rússia. O aumento da atividade desses equipamentos também intensificou as preocupações de segurança em vários países europeus. Ainda não há detalhes sobre como a muralha funcionará nem como será financiada. De acordo com o comissário europeu, os líderes pretendem estrutura uma política industrial e financeira para o projeto. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse no início deste mês que a Europa "deve atender ao chamado de nossos amigos bálticos e construir uma muralha de drones". Von der Leyen afirmou que 6 bilhões de euros (US$ 7 bilhões) serão reservados para a criação de uma aliança de drones com a Ucrânia, cujas forças armadas utilizaram esses equipamentos para causar cerca de dois terços de todas as perdas de material militar sofridas pelas tropas russas. Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia já trabalhavam em uma ideia semelhante, mas em março a Comissão Europeia — braço executivo do bloco — rejeitou um pedido conjunto de Estônia e Lituânia por recursos para sua criação. O Exército dinamarquês vem colocando radares móveis perto de bases militares, com a de Amager, nos arredores de Copenhague e perto da fronteira com a Suécia (veja imagem acima). O ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, afirmou nesta semana que seu país já ganhará novas capacidades para detectar e neutralizar drones. Na sexta, o governo do país anunciou que aceitou uma oferta da Suécia de fornecer sua tecnologia antidrones para a segurança da cúpula de chefes de governo europeus. Mas a Dinamarca não é o primeiro país a ser alvo de sobrevoos de drones de origem desconhecida sobre pontos estratégicos nas últimas semanas. Só em setembro, houve episódios semelhantes na Polônia e na Romênia. Mundo vive guerra de drones e corrida armamentista mais destrutiva da história, diz Zelensky na ONU Sobrevoo de drones na Dinamarca levanta suspeitas de ação coordenada contra países da Otan 'Provocação encenada' Aeroporto é fechado após presença de drones suspeitos no espaço aéreo da Dinamarca A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, declarou em uma mensagem de vídeo na quinta-feira (25) que o país foi "vítima de ataques híbridos", referindo-se a uma forma de guerra não convencional, apontando diretamente para a Rússia. "Há um país que representa uma ameaça à segurança da Europa, e esse país é a Rússia", declarou. Moscou rejeitou "firmemente" qualquer envolvimento nos incidentes na Dinamarca. A Embaixada da Rússia em Copenhague chamou os eventos de "provocação encenada" em uma mensagem publicada nas redes sociais. O ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, declarou no início desta semana que o objetivo desses ataques era "semear o medo, criar divisões e nos assustar".